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Sigmund Freud

O QUE É PSICANÁLISE?

 

 

De acordo com o austríaco Sigmund Freud, Psicanálise é o nome de (1) um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e (3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. (FREUD, Sigmund., Dois verbetes de Enciclopédia (1923 [1922]) in: Freud Sigmund. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. in Obras completas de Sigmund Freud (23 v.), V.18. RJ, Imago, 1996).

Em suma, a Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da Psicologia, que tem origem na Medicina, visto que Freud era médico neurologista e psiquiatra, formado em 1882, tendo trabalhado no Hospital Geral de Viena e teve contato com ilustres personalidades entre elas o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose. Freud propôs este método para a compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas:

 

  1. Um método de investigação da mente e seu funcionamento;

  2. Um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano;

  3. Um método de tratamento psicoterapêutico. (Moore BE, Fine BD (1968), A Glossary of Psychoanalytic Terms and Concepts, Amer Psychoanalytic Assn, p. 78).

 

Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana. (Freud, Pensador da Cultura,Companhia das Letras, 2006).

 

Breve Biografia de Freud

 

 

Nascimento e vida de Freud. A História da Psicanálise tem em Freud sua criação, quando o médico recém formado, que trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês J. B. Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França).

Sigmund Schlomo Freud nasceu em 6 de maio de 1856 numa família judaica. Era filho de Jacob Freud e de sua terceira mulher Amalie Nathanson (1835-1930). Jacob, um judeu proveniente da Galícia e comerciante de lã, muda-se a Viena em 1860. Freud abreviou seu nome para Sigmund Freud. Aos quatro anos de idade sua família transferiu-se para Viena por problemas financeiros e problemas de saúde. Morou em Viena até 1938 quando, após o “Anschluss” (em razão de sua etnia judaica), refugia-se na Inglaterra, onde já se encontrava parte de sua família.

 

Estudos e Família. Freud ingressou na Universidade de Viena aos 17 anos. Ele planejava estudar direito mas, ao invés disso, entrou para a faculdade de medicina. Os primeiros anos de Freud são pouco conhecidos, já que ele destruíra seus escritos pessoais em duas ocasiões: a primeira em 1835 e novamente em 1894. Além disso, seus escritos posteriores foram protegidos cuidadosamente nos Arquivos de Sigmund Freud, aos quais só tinham acesso Ernest Jones (seu biógrafo oficial) e uns poucos membros do círculo da psicanálise. O trabalho de Jeffrey Moussaieff Masson pôs alguma luz sobre a natureza do material oculto. Em 14 de Setembro de 1886, em Hamburgo, Freud casou-se com Martha Bernays. Freud e Martha tiveram seis filhos: Mathilde, nascida em 1887, Jean-Martin, nascido em 1889, Olivier, nascido em 1891, Ernst, nascido em 1892, Sophie, nascida em 1893 e Anna, nascida em 1895. Um deles, Martin Freud, escreveu uma memória intitulada "Freud: Homem e Pai", na qual descreve o pai como um homem que trabalhava extremamente, por longas horas, mas que adorava ficar com suas crianças durante as férias de verão. Anna Freud, filha de Freud, foi também uma psicanalista destacada, particularmente no campo do tratamento de crianças e do desenvolvimento psicológico.

 

Pesquisas e Descobertas. Instalado como médico em Viena (em 1938, iria trocar a Áustria  por Londres, perseguido pelo anti-semitismo nazista), desenvolveu, com seu amigo J. Breuer, um método a que denominaram “catarse”. Este consistia em provocar nos pacientes em estado de hipnose a lembrança dos fatos que os haviam traumatizado, permitindo-lhes, então exteriorizar os sentimentos que haviam reprimido no momento do choque. Os sintomas desapareciam, despertado o paciente, por efeito da catarse.

Freud e Breuer publicaram os resultados desse trabalho em “Estudos sobre histeria” (1895), mas a obra teve péssima acolhida nos meios médicos, o que contribuiu para desencorajar Breuer.

 

Obras e Avanço Cienífico Freudiano. Continuando as pesquisas sozinho, Freud percebeu que, nos distúrbios neuróticos, as preocupações de natureza sexual eram sempre esquecidas. Logo renunciou à hipnose, para incitar o paciente a dizer tudo que lhe viesse à cabeça, a propósito de qualquer tema, mesmo absurdo, inconveniente, ou que lhe parecesse sem importância (livre associação). Esta técnica constitui a regra fundamental da “cura psicanalítica”. No atendimento clínico, o paciente, em repouso, é estimulado a verbalizar tudo que brota em sua mente – sonhos, desejos, fantasias, expectativas, bem como as lembranças da infância. Cabe ao psicanalista ouvir e interferir apenas quando julgar necessário, assim que perceber uma ocasião de ajudar o analisando a trazer para a consciência seus desejos reprimidos, deduzidos a partir da livre associação. No geral, o analista deve se manter imparcial.

 

Freud denominou “resistência” a força que impede  aquelas lembranças de voltarem à consciência; e “recalque”, ao processo psíquico, que, no momento do trauma, provoca o esquecimento. O que é recalcado é um desejo inconciliável com os outros desejos do indivíduo, ou com a moral social. Os desejos  recalcados não deixam, contudo, de existir no inconsciênte, onde não perdem seu dinamismo.  Eles podem irromper no campo da consciencia, mas desfigurados, e é assim que se formam os sintomas neuróticos, os sonhos e os atos falhos. Em “A Interpretação dos Sonhos” (1900), obra capital da teoria psicanalítica, Freud relatou minuciosamente a análise dos sonhos de seus pacientes e dos seus próprios. Logo se convenceu de que as situações traumatizantes, causadora dos distúrbios apresentados por adultos neuróticos, se haviam produzido na infância remota e eram cenas de sedução por um adulto. Ele percebeu que essa sedução poderia não ter acontecido na realidade, mas que o paciente desejava inconscientemente que assim fosse (fantasma). Ele interpretou esses fantasmas de sedução como um dos efeitos do complexo de Édipo e pôde, a partir daí, reconstruir o desenvolvimento da sexualidade infantil. Publicou o resultado de tais pesquisas em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905).

 

Obras “Além do princípio do prazer” e “O mal estar na cultura”. Duas obras marcaram as descobertas de Freud e em uma delas “Além do princípio do prazer” (1920) uma importante mudança no pensamento freudiano aconteceu. Foi quando Freud introduziu a noção de compulsão da morte, bem como um novo modelo do aparelho psíquico, formado por Ego, Id e Superego. A partir dessa época, consagrou-se mais intensamente aos problemas da civilização, aos quais aplicou a teoria psicanalítica. Em “O mal estar da cultura” (1930), Freud desenvolveu mais explicitamente sua concepção do mundo, destacando a submissão da civilização às necessidades econômicas. Estas imporiam um pesado tributo, não só à sexualidade, mas também à agressividade, em troca de um pouco de segurança. É a agressividade, ou seja, a compulsão da morte, que, para Freud, constitui o entrave mais perigoso à civilização. Por outro lado, “Eros” (a compulsão da vida) tende a unir os homens em função da libido.

 

Morte de Freud. No início, as tiragens das obras de Freud não o animavam, mas logo médicos de vários lugares mostram respaldo às suas ideias e passam a compor o Movimento Psicanalítico. Os mais ilustre como Eugen Bleuler, Carl Jung, Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi.

Freud morreu de cancro no palato aos 83 anos de idade (passou por trinta e três cirurgias). Supõe-se que tenha morrido de uma overdose de morfina. Freud sentia muita dor, e segundo a história contada, ele teria dito ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva de morfina para terminar com o sofrimento, o que seria eutanásia. Encontra-se sepultado no Golders Green Crematório, Grande Londres na Inglaterra.

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